Conhecimento como ativo
Conhecimento pode ser o melhor ativo que uma pessoa venha a possuir. O crescimento pessoal e profissional passa por uma jornada de treinamentos, leitura, práticas, erros e acertos.
Treinar pessoas pode, e muitas vezes é, a melhor saída que uma organização encontra para melhorar as habilidades de seus colaboradores. No entanto, um cuidado deve ser tomado para que o conhecimento não se perca no decorrer do tempo.
Trazendo uma visão analítica, este artigo navega em um comparativo entre o treinamento e o tratamento, tendo como objetivo fomentar o pensamento de que muitas vezes apenas capacitar pessoas possa não trazer os resultados esperados por um horizonte de tempo com maior duração.
O desafio do treinamento
O termo desafio citado no enunciado não é escrito em vão, uma vez que as pessoas dentro das organizações muitas vezes precisam conciliar a agenda de trabalho com treinamento.
O departamento de Recursos Humanos, Desenvolvimento de Pessoas ou áreas similares tem uma batalha diária para ajustar a agenda de treinamento com as tarefas diárias dos colaboradores.
Na rotina diária, por terem que entregar resultados, as pessoas podem pensar que ir para um treinamento é uma “perda de tempo”. Por esse e outros motivos existe um grande desafio em treinar e manter uma cultura de aprendizado dentro do ambiente organizacional.
Ainda como parte desse grande desafio está o de manter o conhecimento após a realização de uma capacitação, pois nem sempre as pessoas terão tempo para colocar em prática o aprendizado adquirido.
Nessa linha de raciocínio, uma abordagem interessante é pensar em não apenas em treinamento, mas sim em um tratamento.
O tratamento
Em uma analogia, quando estamos com algum problema de saúde, ou mesmo em momentos que buscarmos ajuda para questões estéticas, nos recorremos aos profissionais de saúde.
Realizar uma consulta pode ser comparado a um treinamento, pois é uma ação de curto prazo para recebermos orientações profissionais. Após a consulta, cabe a cada pessoa seguir ou não as indicações.
O treinamento, seja ele de dez, vinte, quarenta ou mais horas é uma ação de curto prazo que dará às pessoas conhecimentos sobre determinado assunto, mas que não dá garantia que elas irão utilizar tudo aquilo que foi repassado durante o período de capacitação.
Muitas vezes é preciso fazer reciclagens para relembrá-las do que fora ensinado em períodos anteriores. Essa é uma ação comum e necessária, mas algumas vezes o tratamento pode ajudar a diminuir essas recorrências ou até mesmo eliminá-las.
Assim como fazemos em uma consulta, comparando a um treinamento, quando somos levados a um acompanhamento nos dedicamos melhor pelo fato de que precisamos entregar um resultado, seja um emagrecimento, melhora na saúde mental ou qualquer outro objetivo.
Neste caso, o tratamento pode levar a criação e manutenção do conhecimento, através de uma rotina de acompanhamento.
Uma cultura não é criada da noite para o dia. Precisamos criar hábitos que permitam que continuemos sempre em busca de aperfeiçoamento. O treinamento pode ser considerado como uma semente que é plantada em terreno fértil, mas os frutos só virão com um cuidado diário por um logo período de tempo.
Treinar é preciso
O objetivo deste artigo não é o de desmotivar as pessoas a não se capacitarem. É exatamente o contrário. Para que possamos progredir na carreira precisamos e devemos sempre nos manter capacitados. O que se reflete aqui é a manutenção do conhecimento.
Fazer um treinamento de oratória pode fazer toda diferença na carreira de uma pessoa, mas a prática é o que fará com que ela chegue à perfeição. Fazer a capacitação e nunca mais aplicar o conhecimento é o que pode impedir que os resultados esperados sejam alcançados.
Do ponto de vista prático, quando se busca a perfeição em algo, a repetição é uma das soluções, pois a prática constante irá conduzir para redução ou diminuição dos erros e aumento dos acertos.
Uma proposta interessante é a de se ter um projeto pós treinamento, onde cada pessoa desenvolverá algo para aplicar de acordo com o conhecimento adquirido. Dessa forma o treinamento é acompanhado de um tratamento.
A rotina como vilã
Ter uma agenda lotada nem sempre é sinal de produtividade. Muitas reuniões durante o dia não significam, obrigatoriamente, que o dia foi produtivo.
É comum vermos nas organizações pessoas com as agendas lotadas de reuniões, impedindo às vezes que ela tenha tempo para se capacitar.
Quando os treinamentos são realizados dentro das organizações, eles vão concorrer com as demandas do dia a dia, fazendo com que, muitas vezes, as pessoas saiam constantemente para atender um telefonema, responder um e-mail, ou mesmo participar de reuniões.
Uma boa saída, quando possível, é realizar os treinamentos longe do ambiente em que elas trabalham, minimizando as chances de interrupções.
Quando o treinamento não é realizado de maneira efetiva, pode tornar impossível aplicar o tratamento, pois sem a base constituída, a prática não será eficaz e nem eficiente.
Treinamento com tratamento
Uma empresa que tem em sua cultura a capacitação constante de seus colaboradores, pode tornar o ambiente de trabalho mais atrativo e reduzir as chances de entrada e saída de colaboradores. Não é uma receita infalível, mas um remédio eficaz.
Muitas vezes as pessoas permanecem em ambiente onde elas são constantemente incentivadas as se capacitarem e transmitir conhecimento.
Torná-las multiplicadores de conhecimento se torna uma excelente alternativa para criar um hábito de tratamento, pois ensinar também uma forma de aprender.
Empoderar pessoas e dar a elas desafios, muitas vezes é o que precisa ser feito para as manterem motivadas. O salário ajuda, mas não é a única razão pela qual as pessoas permanecem nas empresas.
Conclusão
Treinamento é importante, mas precisa vir acompanhado de um tratamento.
Treinar as pessoas é uma ação necessária, mas é preciso ter um acompanhamento constante e sistemático, fazendo com os conhecimentos adquiridos façam parte da rotina.
A transferência de conhecimento muitas vezes é o que torna as pessoas imortais, repassando de geração em geração, fazendo com que isso se torne um tratamento e não apenas um treinamento.